O Dia Nacional do Trânsito, celebrado dia 25 de setembro, nos ajuda a refletir sobre o quanto mudaram as ruas e avenidas das cidades brasileiras nos últimos anos. Apesar de ainda ser o veículo predominante, o carro perde espaço a cada dia – cedendo lugar às motos, bicicletas, às lentas melhorias no transporte público e às iniciativas de serviços compartilhados.
A mentalidade dos motoristas, no entanto, ainda não acompanhou o novo perfil do trânsito. Quem não se lembra do clássico desenho do Pateta, em que um sujeito gentil e tranquilo se transforma por completo ao se sentar em frente ao volante e ligar o motor, distribuindo impaciência e agressividade àqueles que cruzam o seu caminho?
Condutores assim não podem mais fazer parte das nossas vias. Precisamos e ganhamos todos com um novo estilo de motorista.
Empatia e responsabilidade
Sem que nos demos conta, o automóvel se transforma em uma extensão física e psicológica de quem o guia. Transferimos nossa personalidade para o carro. Se estamos verdadeiramente de bem com a vida, dirigimos com calma e respeito. Se estamos desequilibrados, preocupados, estressados… é melhor saírem da nossa frente!
Na verdade, o personagem do Pateta não se torna de repente um sujeito irresponsável ao volante. Ele já era assim quando estava a pé, só não aparentava.
Por isso, é tão importante desenvolvermos empatia real pelo próximo. Pode não parecer, mas o trânsito não é conduzido por máquinas, e sim por pessoas falíveis. Quando acontece um acidente, não é só o carro X que bate no veículo Y. Há gente dentro, que se machuca – e morre – de verdade.
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, revelam que 31,9 mil pessoas perderam a vida no trânsito em 2019. São 710 mortes a menos que no ano anterior e os números mostram queda desde 2015 – mas, ainda assim, o Brasil é um dos países que mais matam no trânsito.
Dentre as principais causas, estão velhas e infelizes conhecidas: consumo de álcool antes de dirigir, excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas e irregulares, uso de celular etc.
Coloque a mão na consciência antes de segurar o volante.
Mais peças em jogo
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil computou no ano passado 107,9 milhões de veículos. Destes, 58 milhões são carros – o equivalente a 53,7%. Dez anos antes, em 2010, o percentual era de 57,2%. E em 2006, quando a série histórica começou a ser feita, 61,5%. Ou seja, mesmo que a frota cresça, a quantidade proporcional de automóveis no trânsito diminui.
Por outro lado, a de motos aumenta em números absolutos e relativos. Elas somaram 23,8 milhões, 22% do total, ano passado. Em 2010, eram 21,4% — e 17,3% em 2006.
Tais números não levam em conta as bicicletas, pois consideram somente veículos automotores. Mas, outros dados podem nos ajudar. De acordo com a Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), o primeiro semestre deste ano registrou 34,1% mais vendas que no mesmo período do ano passado. O enorme crescimento deve-se, boa parte, aos impactos sofridos pelo mercado em 2020 por causa da pandemia. No entanto, também refletem que as bicicletas estão cada vez mais caindo no gosto (e no bolso) do brasileiro.
Dessa maneira, não é mais possível pensar num trânsito unicamente focado no fluxo de automóveis. Devagar, políticas públicas consideram ampliar o espaço a outros meios de locomoção, com a construção de ciclovias, ciclofaixas, melhorias no transporte coletivo e aumento nas linhas de metrô.
Iniciativas particulares também auxiliam na diversidade do trânsito, como a dos aplicativos de transporte, de carona, bicicletas e patinetes compartilhados, entre outros.
Assim, o carro ainda reina, mas perde território. O novo motorista precisa levar isso em conta. Ao assumir o volante, ele não guia apenas o seu automóvel – ajuda, também, a dirigir as características do trânsito.
Ajude a pacificá-lo.
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